20.2.07

Dias de estranheza


Hoje, acordei e achei o dia muito estranho...

Nuvens negras tomavam conta do céu de Brasília e, sinceramente, dias assim não são muito bons pra mim. Estou sozinha em casa há quase dois meses, desde que meus pais foram visitar meu irmão que vive em Vila Velha no Espírito Santo e minha irmã caçula inventou que vai morar no Rio e se foi...

Mas, nunca tive muito medo da solidão, penso que, ao mesmo tempo em que me dói, me auxilia a pensar com mais amor no quanto me fazem falta meus pais e irmãos. Acho justo que meus pais fiquem um tempo com meu irmão e também que saiam vez ou outra para se distraírem um pouco.

Nessa angustia de dia cinzento, pensei em dar uma volta em algum lugar e, normalmente, o que faço é ir direto para um Supermercado... Eu adoro Supermercados... Mas, estava tudo fechado. Já tinha passado na casa de uma velha amiga e chamei ela e o filho Lucas de 8 anos, que estavam comigo fazendo essa ronda por Brasília. Rodei e fui parar na Feira Hippie, estava um sol quente que chegava arder na pele. Comemos um delicioso acarajé na velha baiana que agora dorme sentada, coitada... comentei com a minha amiga quantos anos aproximados ela deve estar trabalhando ali naquela barraca... eu era apenas uma garota e ela já estava ali, a baiana e seus colares, seu turbante e suas vestes brancas... Cochilava como quem não tinha dormido bem à noite.

Passeamos muito pela feira, paramos em quase todas as barracas e cada coisa tinha um valor inestimável do toque das mãos de alguém, o imperceptível que muitas vezes não nos permitimos admirar, foi hoje uma decisão tomada por nós, assim, de uma hora para outra... Eu e minha amiga nos lembrávamos da época em que éramos adolescentes e juntávamos dinheiro para ir à feira gastar com bugigangas... Foi um passeio simples, porém, muito gostoso.

Na volta, paramos numa sorveteria e completamos nossa alegria com deliciosos sabores!
Locadora, um filme de quebra, sorrisos... E eles dois foram para casa.

Sinto-me mesmo inquieta, resolvi trocar os móveis do meu quarto de lugar, rasguei papéis velhos, joguei coisas no lixo...

Minha mãe acaba de me telefonar, em seguida meu irmão e depois, minha tia/madrinha....

Parei para escrever aqui, um pouco do meu sentimento que se confunde com tristeza e dia recompensado.

Como disse Adélia Prado: “Há dias em que Deus me tira a poesia, olho pedra e vejo pedra mesmo....”.

Hoje, Ele misturou minha poesia.

Um comentário:

Caroline Rodrigues disse...

Nunca tinha ouvido essa frase da Adélia. Ela traduz bem o que sinto às vezes... E,olha, é bom a gente aprender a lidar com a solidão mesmo porque essa é a única coisa certa na vida. Nós nascemos sozinhos e morremos sozinhos. No sentido físico, é claro. Há anjos conosco o tempo todo. Também no sentido físico temos anjos, como os filhinhos da sua amiga que lhe acompanharam nesse dia cinzento. Mas é assim mesmo. Eu diria que HÁ DIAS EM QUE DEUS ME TIRA A POESIA, OLHO PEDRA E VEJO PEDRA MESMO. Como você disse muito bem dito!
Bjuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
E fica colorida, tá?!
=)