26.6.06

Desafio
Germano Rocha


Giro o carrossel
loucamente giro giro giro
e gira a luz dourada da lua que cai
sobre o mar mansamente em ondas que levam
num passeio enlouquecedor meu coração,
ora agonizante, ora hilariante, ora bolas, afinal
horas passam arrastando os ponteiros dos relógios.

Em surdina escuto zumbidos
com os olhos fixos na escuridão,
oh, decepção!
estou só na solidão mas não me intimido não,
tudo no meu íntimo é fantasia alegorias na avenida,
empunhando o estandarte sacudo o pó cinzento
cimento da melancolia,
não quero ser apenas mais um mártir de ocasião.

21.6.06



"SÃO POUCAS AS PESSOAS QUE AO DEITAREM A NOITE, OUSARIAM DIRIGIREM-SE ASSIM A DEUS: "SENHOR, TRATA-ME AMANHÃ COMO TRATEI OS OUTROS HOJE"
(Dwight Leeman Moody)

20.6.06

"O contraditório é justamente se sentir capaz de fazer tudo e mais algumas coisas, e enxergar e aceitar que neste excesso de capacidade se encontra a incapacidade de fazer tudo ao mesmo tempo. Se isto não estiver bem claro, ficamos fadados a dar voltas sem fim em um círculo vicioso, com algumas paradas nas curvas da ansiedade, angústia, depressão etc... Atualmente não luto mais contra esta situação. Acho que fiz uma trégua nesta guerra sem fim. Com muita diplomacia, estabeleci um acordo mútuo de minhas "ambas", porém únicas partes. Ficaram estabelecidos dois focos principais, como manter um olho no gato e outro, no peixe. Sem me destituir de uma visão panorâmica, os outros elementos ficam em segundo plano. Continuam observados. Porém, só serão devidamente apreciados quando a situação do gato ou a do peixe seja solucionada."

Luiz Humberto Leite Lopes

17.6.06

Respeite o meu direito de não querer te ouvir ou ver

O fato de alguém querer muito a nossa atenção não nos obriga a aceitar sua aproximação. Ao insistir em seu objetivo, mesmo que nos ame, ele estará sendo prepotente e egoísta. Um senhor me acusou de desrespeitoso e mal-educado. Motivo? Não quis falar com ele ao telefone. Não o conheço, sabia que ele queria fazer críticas - "construtivas" - ao meu trabalho. Não me interessei em saber quais eram. Uma colega me conta que sua mãe lhe diz: "Sua amiga de infância esteve aqui e está louca para revê-la. Quando posso marcar o encontro'? Minha colega não tem interesse em saber como está essa pessoa, nem deseja reencontrá-la. Uma filha atende ao telefone e diz ao pai: "Fulano quer falar com você". O pai responde: "Diga que não estou". "Mas ele diz que quer muito falar com você”. O pai: "Sim, mas eu não quero falar com ele"! Afinal de contas, quem está com a razão? Aquele que se sente ofendido por não ser ouvido ou recebido? Ou quem se acha com o direito de só receber as pessoas que lhe interessam? Quem faz questão de colocar sua opinião tem direito a isso ou é prepotente por achar que o outro tem que ouvi-lo, apenas porque ele está com vontade de falar? Ou é egoísta e desrespeitoso aquele que só fala e recebe as pessoas que lhe interessam ou quando está com vontade? Acho fundamental tentarmos entender essas questões aparentemente banais, uma vez que elas são parte das complicadas relações no cotidiano de todos nós. Elas envolvem questões morais e dos direitos de cada um. Tratam do que é justo e do que é injusto. Acredito que é direito legítimo de cada um falar ou não com qualquer outra pessoa. O fato de ela querer muito nossa atenção não nos obriga a aceitar sua aproximação. E isso independe das intenções de quem deseja o convívio. Posso, se quiser, recusar a aproximação de uma pessoa, mesmo que ela venha me oferecer o melhor negócio do mundo. E o fato de uma pessoa me amar também não a autoriza a nada! Não pode, apenas por me amar, desejar que eu a queira por perto. Ao forçar a aproximação com alguém que não esteja interessado nisso, a pessoa estará agindo de modo agressivo, autoritário e prepotente. As belas intenções não alteram o caráter prepotente da ação. Na verdade, egoísta é quem quer ver sua vontade satisfeita, mesmo se isto for unilateral. Ele não está ligando a mínima para o outro.O mesmo raciocínio vale para as pessoas amigas. Não tem o menor sentido eu ir à casa de um amigo para dizer-lhe o que penso de uma determinada atitude sua que não me diz respeito, mesmo que eu não tenha gostado ou aprovado. Ele não me perguntou nada! Ainda que goste muito de mim, talvez não queira saber minha opinião. Talvez não deseje saber a opinião de ninguém! É direito dele. Pode também acontecer o contrário: a pessoa desejar a minha opinião e eu me recusar a dar. Aí é o outro quem tem de respeitar o meu direito de omissão. Não cabe a frase do tipo: "Mas nós somos tão amigos e temos que dizer tudo um ao outro". É assim que, com frequência, se perdem bons amigos. É preciso ter cautela com o outro, com o direito do outro. Não basta ter vontade de falar. É preciso que o outro esteja com vontade de ouvir. Nós nos tornamos inconvenientes e agressivos quando falamos coisas que os outros não estão a fim de ouvir. Raciocínio idêntico vale também para as relações íntimas - entre parentes em geral e marido e mulher em particular. Nesses casos o desrespeito costuma ser ainda maior. As pessoas dizem e fazem tudo o que lhes passa pela cabeça. É um perigo. Elas não param de se ofender e de se magoar. Acreditam que, só porque são parentes, têm o direito de falar tudo o que pensam, sem se preocupar como o outro irá receber aquelas palavras. Toda relação humana de respeito implica a necessidade de se imaginar o que pode magoar gratuitamente o outro. É necessário prestar atenção no outro, para evitar agressões, mesmo involuntárias. Quando as pessoas falam e fazem o que querem, sem se preocupar com a repercussão sobre o outro, é porque nelas predomina o egoísmo ou o desejo de magoar.

14.6.06

Lembre-se que você não é apenas um doente psiquiátrico! é um SER e não ESTAR.

No dia em que aceitar que os seus 15 anos passados ficaram para trás e que não se pode viver apenas do passado e sim, há que se cultivar o futuro, porém viver o presente com intensidade... aprenderá que, para melhor viver, é preciso zerar o cronometro todos os dias, viver cada dia, um após o outro como um novo momento. Não sei se vale a pena estar recriando novos dias, sempre reescrevendo o que já passou. Aceitar-se e autoperdoar-se é o primeiro passo para estar em paz consigo mesmo. 15 anos vividos não podem ser o balanço geral de toda uma vida, vc não pode estar num anonimato completo. O seu contato com as pessoas foi importante, mostrou a vc mesmo, que não é o único e que nós, outros bipolares, também vivemos nossas crises e estamos descobrindo o nosso espaço no mundo.

Como aprendi na literatura, não podemos viver o tempo cronológico apenas e deixarmos o tempo das idéias de lado. Esse tempo que não vemos, mas que move nossa vida diária, precisa ser (re)fortalecido.

É preciso buscar alternativas e tentar tocar o OUTRO, esse outro que também fala, sofre, canta, ouve e sorri e que, principalmente, pode estar ao seu lado para amenizar sua caminhada... Não seja essa sombra que se esconde e sim seja os braços que se abrem ao sol de manhã.

Diz-se bem, não ESTEJA na sua condição de bipolar... diagnosticado enquanto tal, ficou mais fácil reconhecer quais os seus limites.

13.6.06

O livro aberto é um cérebro que fala
fechado, é um amigo que espera
esquecido, uma alma que perdoa
e destruido é um coracao que chora...
Lindo isso! Ouvi esse provérbio Indú
De um grande amigo que vive na Holanda


Devemos aprender a andar no caminho do meio... nem tanto ao sol, nem tanto a lua! Não tenha revoltas e não volte-se apenas para o transtorno. Bipolaridade não é o Luiz Humberto e o Luiz Humberto não é Bipolaridade. Vc precisa viver e a bipolaridade caminhar ao seu lado, reconhecer que é portador do transtorno é um traço aceito e ponto. Controle, terapia, fé e vida! Pra mim esse é o princípio. Sou diagnosticada há menos de 1 ano, não tenho dificuldades para lidar com isso e hoje encontro-me estável, vivendo e feliz! 99% precisa ser de boa vontade e os outros 1% divididos entre as coisas que vc acredita... é assim! Não dá pra morrer antes da hora.