5.8.06

A rua dos cataventos


Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de
Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde!
Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror!
Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

E antes que alguém pense que é meu...
Mário Quintana, perdoe-me!

Um comentário:

Lucilaine de Fátima disse...

Erlen,
Fiquei emocionada pois fala justamente de perder o jeito de sorrir e em algum lugar eu escrevi que perdi o meu sorriso quando criança. Mas, me encantou o final que diz "A luz de um morto não se apaga nunca!", ou seja, façam o que quiserem, arrasem comigo e eu estarei aqui. Pôxa! Isso é seu? Como é que não me conta uma coisa dessas?

Beijos